GRAÇA QUINTÃO
Maria das Graças Assis Quintão, 1956, poeta e gestora cultural, nasceu em Antônio Dias, Vale do Aço, Minas Gerais.
Vive e trabalha em Belo Horizonte desde 1978 onde é funcionária pública federal do TRE.
Poeta premiada em 1º Lugar no 1º. Concurso de Poesia Acesita, 1987. Participou de várias antologias de poesias.
QUINTÃO, Graça. Tratado de cor. Belo Horizonte, MG: Anome Livros, 2012. 64 p. (Coleção Museu Nacional de Poesia, 6). Editores Regina Mello e Wilmar Silva. ISBN 978-85-98378-71-8
Ex. Bibl. Antonio Miranda, exemplar enviado por Regina Mello.
Em Ser
Em minha rua tem duas luas
Em meu lençol, dois nós
Com meu anzol, pesco um girassol
Em meu quarto, vários partos
Em minha sala, muita fala
Em meu estúdio, tudo mudo(a)
Em minha presença, vários silêncios
Em meu bar um so/lar
Em meu palco, algo de sombra
Em minha plateia, uma panaceia
Em meu rio, rio
Em meu tacho, sem cachos
Em meu ser, o vir a ser
Em meu jardim, um jasmim
Em minha ode
Comigo-ninguém-pode.
CENA poética 8 , incluindo contos. Editor: Rogério Salgado. Belo horizonte, MG: RS Edições & Baroni Edições, 2022. 200 p. 14 x 21 cm Ex. bibl. Antoni Miranda
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Nasceu uma flor em
meu jardim
Sim, no meu jardim,
nasceu uma flor
Só, pequena e amarela
não lhe dei o nome
nem sei se é elo
Vejo-lhe flor bela
sempre a ser nutrida
de luz, d´água:
gotícula
E do meu antigo olhar.
*
Chuva e sombras
falas e tons
dentro, rio
fora, susto
*
Tu vens em frescor
cheiro de infância
laranja-da-bahia colhida
no pé
descascada em chupitas
cana cortada em
perfeitos gomos
cantigas de roda
pátio bordado de giz
terreiro desenhado em
flores
sedução ingênua
de frutas e anéis.
CENA POÉTICA 10 - POESIA & PROSA. Adircilene Batista; e outros. Belo Horizonte, MG: RS Edições,
2024. 216 p.
De aconteceres
Passeio as mãos em
macio pelo
caço-te e me escapas
aguço sentido
e brincas comigo.
A um tempo retorno
dedos nervosos
percorrem-lhe o dorso
caço-te e cato
meu foco.
É vão. No afã
miro o lírio que amo
imagens quadros
ponto de fuga
outro ponto volto.
Insisto orelhas
afasto-lhe braços
peito costas
entorno fremente
na boca a saliva.
O corpo todo
delirantemente
perscrutado.
Reconheço:
aprendi entrededos
entontecer pulgas
e com nojo e prazer
num estalão matá-las.
Caeté
Para Shikô e Mauro Brandão
Nas estradas de Sabarabuçu
nos caminhos da Estrada Real
uma pausa
o sangue dos homens
negros e indígenas
colore as pedras, os minérios.
Piedade! Piedade!
Sons de sapos, violão
embaçam-me a alma
elevam-me a estrutura
hoje doce barroco
ontem temperado
com o sal de prantos.
Caeté de trezentos
Caeté de um nove sete nove
de Shikô a Coca Cola
a Mafu
de pura amizade
no Sarau das Emboabas
em todos os movimentos
que me clamam a poesia.
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Página ampliada e republicada em dezembro de 2025.
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Página ampliada e republicada em outubro de 2022
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Página publicada em fevereiro de 2021
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